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Original file line number | Diff line number | Diff line change |
---|---|---|
@@ -0,0 +1,212 @@ | ||
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title: "Dados arrumados (tidy data)" | ||
format: | ||
html: | ||
code-fold: true | ||
pdf: default | ||
lang: pt | ||
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||
## Conceito | ||
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```{r} | ||
#| label: pacotes | ||
#| include: false | ||
library(tidyverse) | ||
``` | ||
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Tidy data é um princípio de organização de dados que ajuda a simplificar a análise de dados. A motivação desse conceito é que, no mundo real, lidamos com dados em diversos formatos e estruturas, o que pode dificultar a análise. Ao colocar o princípio de dados arrumados em prática, aceleramos o processo de análise e facilitamos a comunicação dos resultados. | ||
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O conceito foi proposto por Hadley Wickham em 2014 e é baseado em três princípios: | ||
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1. Cada **observação** forma uma **linha**. | ||
2. Cada **variável** forma uma **coluna**. | ||
3. Cada **valor** forma uma **célula**. | ||
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A Figura @fig-principios-tidy-data ilustra esses princípios. | ||
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```{r} | ||
#| label: fig-principios-tidy-data | ||
#| fig-cap: "As seguintes três regras tornam um conjunto de dados tidy: variáveis são colunas, observações são linhas e valores são células. Fonte: R for Data Science." | ||
knitr::include_graphics( | ||
"https://d33wubrfki0l68.cloudfront.net/6f1ddb544fc5c69a2478e444ab8112fb0eea23f8/91adc/images/tidy-1.png" | ||
) | ||
``` | ||
|
||
Vamos analisar o primeiro princípio: cada observação forma uma linha. Note que estamos ligando conceitos de duas áreas do conhecimento distintas: a estatística e a computação. Na estatística, uma unidade amostral é um elemento da população que está sendo estudada. Por exemplo, se estamos estudando a altura de alunos de uma escola, cada aluno é uma unidade amostral. Na computação, uma linha é um registro de um banco de dados ou uma linha de um arquivo de texto. O primeiro princípio do tidy data estabelece que cada unidade amostral deve formar uma linha. Ou seja, se temos, por exemplo, uma tabela no Excel, cada linha (1, 2, 3, ...) dessa tabela deve representar uma unidade amostral. | ||
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Exemplo que segue o primeiro princípio: | ||
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```{r} | ||
dados <- tribble( | ||
~id, ~altura, ~peso, | ||
1, 1.70, 70, | ||
2, 1.80, 80, | ||
3, 1.60, 60 | ||
) | ||
knitr::kable(dados) | ||
``` | ||
|
||
Exemplo que não segue o primeiro princípio: | ||
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```{r} | ||
dados <- tribble( | ||
~id, ~tipo_medida, ~valor, | ||
1, "altura", 1.70, | ||
1, "peso", 70, | ||
2, "altura", 1.80, | ||
2, "peso", 80, | ||
3, "altura", 1.60, | ||
3, "peso", 60 | ||
) | ||
knitr::kable(dados) | ||
``` | ||
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||
No exemplo acima, a tabela não segue o primeiro princípio do tidy data, pois cada unidade amostral (cada pessoa) não forma uma linha. Em vez disso, cada unidade amostral é dividida em duas linhas, uma para a altura e outra para o peso. Para seguir o primeiro princípio do tidy data, a tabela deveria ser organizada de forma que cada unidade amostral formasse uma linha. | ||
|
||
A segunda tabela está no formato que chamamos de "longo" (ou "long format"). Esse formato é comum em bases de dados que não seguem o primeiro princípio do tidy data, mas existem situações em que esse formato é útil (veremos mais adiante). | ||
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Para transformar a base de dados que não segue o primeiro princípio do tidy data em uma base de dados que segue o primeiro princípio do tidy data, podemos usar a função `pivot_wider()` do pacote `tidyr`. Essa função transforma a base de dados de longo para largo. Veja o exemplo a seguir: | ||
|
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```{r} | ||
dados <- tribble( | ||
~id, ~tipo_medida, ~valor, | ||
1, "altura", 1.70, | ||
1, "peso", 70, | ||
2, "altura", 1.80, | ||
2, "peso", 80, | ||
3, "altura", 1.60, | ||
3, "peso", 60 | ||
) | ||
dados_largo <- dados |> | ||
pivot_wider(names_from = tipo_medida, values_from = valor) | ||
knitr::kable(dados_largo) | ||
``` | ||
|
||
O segundo princípio é que cada variável deve formar uma coluna. Nesse caso, o conceito estatístico de variável é o de variável aleatória, que é uma característica da observação que pode ser medida por algum instrumento. Por exemplo, no exemplo da escola, se estamos estudando a altura e o peso de alunos, a altura e o peso são variáveis. Já o conceito computacional é o da coluna, que é uma coluna de uma tabela de banco de dados ou de um arquivo de texto. O segundo princípio do tidy data estabelece que cada variável deve formar uma coluna. Ou seja, se temos, por exemplo, uma tabela no Excel, cada coluna (A, B, C, ...) dessa tabela deve representar uma variável. | ||
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||
Exemplo que não segue o segundo princípio: | ||
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```{r} | ||
dados <- tribble( | ||
~tipo, ~alice, ~bruno, ~carla, ~daniel, | ||
"altura", 1.70, 1.80, 1.60, 1.75, | ||
"peso", 70, 80, 60, 75 | ||
) | ||
knitr::kable(dados) | ||
``` | ||
|
||
Nesse exemplo, a tabela não segue o segundo princípio do tidy data, pois cada variável (altura e peso) não formam colunas. Em vez disso, cada variável é dividida em quatro colunas, uma para cada pessoa. Vamos arrumar essa tabela para que ela siga o segundo princípio do tidy data. Primeiro, deixamos essa base no formato longo, usando a função `pivot_longer()`: | ||
|
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```{r} | ||
dados_longo <- dados |> | ||
pivot_longer(cols = -tipo, names_to = "nome", values_to = "valor") | ||
knitr::kable(dados_longo) | ||
``` | ||
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||
Essa base, no entanto, ainda não está arrumada, pois está no formato largo. Para arrumá-la, usamos a função `pivot_wider()`, que vimos anteriormente: | ||
|
||
```{r} | ||
dados_arrumados <- dados_longo |> | ||
pivot_wider(names_from = tipo, values_from = valor) | ||
knitr::kable(dados_arrumados) | ||
``` | ||
|
||
Finalmente, o terceiro princípio é que cada valor deve formar uma célula. Nesse caso, o conceito estatístico de valor é o de valor da variável, que é a medida da variável para uma unidade amostral. Por exemplo, se estamos estudando a altura de alunos de uma escola, o valor da variável altura para um aluno é a altura desse aluno. Já o conceito computacional é o da célula, que é uma célula de uma tabela de banco de dados ou de um arquivo de texto (o cruzamento entre uma linha e uma coluna). O terceiro princípio do tidy data estabelece que cada valor deve formar uma célula. Ou seja, se temos, por exemplo, uma tabela no Excel, cada célula (A1, A2, B1, B2, ...) dessa tabela deve representar um valor. | ||
|
||
Exemplo que não segue o terceiro princípio: | ||
|
||
```{r} | ||
dados <- tribble( | ||
~id, ~altura_peso, | ||
1, "1.70 / 70", | ||
2, "1.80 / 80", | ||
3, "1.60 / 60", | ||
4, "1.75 / 75" | ||
) | ||
knitr::kable(dados) | ||
``` | ||
|
||
Nesse exemplo, a tabela não segue o terceiro princípio do tidy data, pois cada valor (altura e peso) não formam células. Em vez disso, os valores são agrupados em uma única célula, que contém a altura e o peso separados por uma barra. Vamos arrumar essa tabela para que ela siga o terceiro princípio do tidy data. Para isso, dividimos a coluna `altura_peso` em duas colunas, `altura` e `peso`, usando a função `separate()`: | ||
|
||
```{r} | ||
dados <- tribble( | ||
~id, ~altura_peso, | ||
1, "1.70 / 70", | ||
2, "1.80 / 80", | ||
3, "1.60 / 60", | ||
4, "1.75 / 75" | ||
) | ||
dados_arrumados <- dados |> | ||
separate(altura_peso, into = c("altura", "peso"), sep = " / ") | ||
knitr::kable(dados_arrumados) | ||
``` | ||
|
||
Até agora, vimos os três princípios do tidy data e como arrumar uma base de dados que não segue esses princípios. No entanto, é importante ressaltar que nem sempre é muito claro se uma base de dados segue ou não os princípios do tidy data. Por exemplo, a base de dados pode estar no formato longo, mas isso não significa necessariamente que ela não segue os princípios do tidy data. Por exemplo, se estamos estudando a evolução da altura e do peso de alunos ao longo do tempo: | ||
|
||
```{r} | ||
dados <- tribble( | ||
~id, ~mes, ~altura, ~peso, | ||
"1", 1, 1.70, 70, | ||
"1", 2, 1.72, 75, | ||
"1", 3, 1.80, 80, | ||
"2", 1, 1.80, 80, | ||
"2", 2, 1.87, 85, | ||
"2", 3, 1.90, 90, | ||
"3", 1, 1.60, 60, | ||
"3", 2, 1.64, 65, | ||
"3", 3, 1.70, 70 | ||
) | ||
knitr::kable(dados) | ||
``` | ||
|
||
Nesse caso, é mais fácil organizar esses dados no formato longo, com uma coluna para a altura e outra para o peso, e uma linha para cada observação (altura e peso de um aluno em um determinado momento). Nesse caso, na prática, estamos *definindo* que a observação é a combinação de aluno e período, ainda que cada unidade amostral seja um aluno. Assim, a base de dados está arrumada, mesmo estando no formato longo. | ||
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Esse formato, inclusive, é o preferido para fazer visualizações de dados com o pacote `ggplot2`. Por exemplo: | ||
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```{r} | ||
#| fig-width: 6 | ||
#| fig-height: 4 | ||
#| fig-cap: Evolução da altura dos alunos ao longo do tempo. Cada linha representa um aluno. | ||
#| dpi: 300 | ||
dados |> | ||
ggplot(aes(x = mes, y = altura, color = id)) + | ||
geom_line() + | ||
labs(title = "Evolução da altura dos alunos ao longo do tempo") | ||
``` | ||
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Ou seja, o princípio do tidy data pode ser adaptado dependendo dos **objetivos de uma análise**. Para cada análise, é importante definir o que é uma observação, o que é uma variável e o que é um valor, de acordo com o contexto do problema. Isso é o que torna o tidy data um conceito tão poderoso e flexível. | ||
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## Aplicações no Direito | ||
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No Direito, tipicamente as bases de dados são organizadas de forma que cada linha representa um processo judicial e cada coluna representa uma variável relacionada ao processo. Por exemplo, podemos ter uma base de dados com as seguintes colunas: `número do processo`, `data de ajuizamento`, `valor da causa`, `tipo de ação`, `juiz responsável`, entre outras. Nesse caso, cada linha representa um processo judicial e cada coluna representa uma variável relacionada ao processo. | ||
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Também é possível trabalhar com bases cuja observação não é o processo judicial. Por exemplo, um processo pode ter vários recursos. Nesse caso, podemos colocar cada recurso em uma linha e cada variável relacionada ao recurso em uma coluna. Por exemplo, podemos ter uma base de dados com as seguintes colunas: `número do processo`, `número do recurso`, `data de interposição`, `resultado`, `relator`, entre outras. Nesse caso, cada linha representa um recurso e cada coluna representa uma variável relacionada ao recurso. | ||
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![](cjsg.png) | ||
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Outro exemplo de caso em que a observação não é o processo é quando trabalhamos com as tabelas de partes ou de movimentações do processo. Nesse caso, cada linha representa uma parte ou uma movimentação do processo e cada coluna representa uma variável relacionada à parte ou à movimentação. | ||
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![](partes.png) |
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