Bem vindo jovem garfanhoto, depois de muito relutar, você decidiu ler sobre os princípios do movimento cypherpunk e da cripto anarquia. O caminho é longo, mas com perceverança, todos alcançaremos a sabedoria do grande Satoshi. bincadeiras à parte, conhecer a cripto anarquia é abrir a mente para os ideias de liberdade na prática.
Antes de tudo, vamos começar listando os conhecimentos que você alcançará, não necessariamente nessa leitura, para se tornar um cypherpunk. Assim como em muitos projetos internet a fora, chamaremos essa listagem de roadmap e assim como na grande maioria das linguagens de programação, nossa contagem começa do zero.
- Introdução
0.0. O que é um cypherpunk ?
0.1. Por que a privacidade importa?
0.2. Libertarianismo 101
0.3. Software Livre e Open Source
0.4. Copiar não é roubar
0.5. O que é o Projeto Cypherpunks Brasil?
- Privacidade e Segurança
1.0. Aviso: Você está sendo vigiado
1.1. Privacidade vs Segurança
1.2. De quem eu devo me proteger?
1.3. Navegadores
1.3.0. Trackers (Rastreadores)
1.3.1. Cookies
1.3.2. Fingerprint (Impressão Digital)
1.3.3. Navegadores que protegem sua privacidade
1.3.4. Extensões para navegadores
1.4. Protegendo o seu IP
1.4.0. VPN vs Tor
1.4.1. VPN
1.4.3. Tor
1.4.4. DNS
1.5. HTTPS
1.6. Motores de Busca
1.7. Email
1.7.0. PGP
1.8. Firewall
- Linux
2.0. Qual é o problema do Windows?
2.1. O que é o Linux, exatamente?
- Criptologia
3.0. O que é a criptologia?
3.1. Um pouco da história da criptologia
3.2. A importância da criptografia no mundo
3.3. Criptografia Simétrica
3.4. Criptografia Assimétrica
3.5. Softwares
- O Bitcoin
Esses tópicos introdutórios devem familiarizar o leitor com o contexto em que o Cypherpunks Brasil foi criado e a importância desse tipo de movimento para a liberdade. Também é importante ressaltar a Ética que guia o projeto, a Ética Libertária. Esse é o mínimo ético universal e atemporal no qual o libertarianismo está firmado e também onde o projeto se sustenta. Todo o trabalho do Cypherpunks Brasil tem como objetivo final minimizar violações ao Princípio de Não-Agressão (PNA).
Um cypherpunk é qualquer indivíduo que concientemente defende o uso generalizado de criptografia robusta e tecnologia para implementar privacidade, segurança e soberania individual como via de tranformação política e civil.
O movimento cypherpunk começa como movimento organizado nos anos 80 logo após a primeira publicação do artigo "New Directions in Cryptography" ("Novas direções na criptografia") por Whitfield Diffie e Martin Hellman em 1976, o ponto de partida da criptologia moderna. Até então a criptologia era exclusividade do setor bélico e das agências de inteligência, após a publicação, acadêmicos de todo o mundo passaram a desenvolver pesquisas inalgurando uma nova era nesse campo a tempos esquecido.
Essa leva de conhecimento e descobertas ganham viés filosófico em 1985 com a publicação "Security without Identification: Transaction Systems to Make Big Brother Obsolete" ("Segurança sem identificação: Sistemas de transações para tornar o Grande Irmão obsoleto") de David Chaum. Antes disso, Chaum já havia publicado em 1982 "Computer Systems Established, Maintained, and Trusted by Mutually Suspicious Groups"("Sistemas computacionais estabelecidos, mantidos e atestados por grupos mutualmente desconfiados") com a proposta inicial do que hoje chamamos de blockchain.
No final dos anos 80, as ideias de Chaum e outros cuminaram em um movimento organizado na forma da Lista de Email dos Cypherpunks. A lista foi fundada em 1992 por Eric Hughes, um matemático e programador, Timothy C. May, um engenheiro elétrico e notório cripto-anarquista, e John Gilmore, um libertário ativista do software livre.
Em 1994 a lista havia se tornado num espaço livre onde ideias libertárias se mesclavam a discussões técnicas sobre matemática, computação e, principalmente, criptografia.
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Adam Back: Invertor do HashCash, um sistema para evitar spam de email que deu origem ao proof-of-work (prova de trabalho) usado no bitcoin. Co-fundador da empresa de cripto-tecnologia (BlockStream)[1].
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David D. Friedman: Filho do renomado economista austríaco Milton Friedman, é um importante economista e teórico anarco-captalista autor do livro "The Machinery of Freedom"("O Maquinário da Liberdade").
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Eric Hughes: Fundador da lista de email Cypherpunk e criador do primeiro redirecionador anônimo de emails.
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Gregory Maxwell: Importante desenvolvedor do Bitcoin Core, autor de importantes mudanças da rede como a BIP32 e a Prova de Solvência.
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Hal Finney: Criador do Reusable Proof of Work (RPW), "prova de trabalho reusável", que foi usado nas primeiras criptomoedas e hoje integra o Bitcoin. Também recebeu a primeira transação de bitcoin da história.
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Ian Grigg: Inventor dos (Contratos Ricardianos)[2], uma forma primitiva de contratos digitais baseados em assinaturas criptográficas.
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Jim Bell: É um cripto-anarquista que propôs a ideia de Mercados Anônimos de Assassinato com Bitcoin aos quais ele chamou de ("Assassination Politics")[3]. Fundador do (Jim Bell Project)[4]
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John Gilmore: Ativista libertário que ajudou a criar o que se tornou o protocolo DHCP e fundou a Eletronic Frountier Foundation (EFF), a maior ONG de proteção a privacidade e liberdade da Internet.
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John Perry Barlow: Autor da (Declaração de Independência do Cyberespaço)[5].
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Julian Assange: Hacker e ativista fundador do WikiLeaks, site internacional sem fins lucrativos que publica vazamentos e delações de empresas e governos. Criador da criptografia (Rubberhose)[6].
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Nick Szabo: Cientista da computação e criptógrafo que criou o BitGold, precursor do Bitcoin, e fez algumas das primeiras contribuições para o código do Bitcoin.
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Paul Calder Le Roux (pseudônimo): Programador e ex-chefe de cartel de drogas e armas, associado a criação do TrueCrypt e o RX Limited, participando de um golpe de estado e adepto de teorias sociais próximas aos cypherpunks.
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Phil Zimmermann: Criador do "Pretty Good Privacy"(PGP), software de criptografia revolucionário usado até hoje em todo tipo de comunicações, e um dos mais importantes criptólogos da história.
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Pretty Good Privacy: Um dos desenvolvedores mais ativos do Bitcoin Core e co-fundador da BlockStream.
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Satoshi Nakamoto (pseudônimo): Figura misteriosa por trás da criação do Bitcoin, vários membros da Lista de Email podem ter sido o satoshi, mas sua identidade é incerta até hoje.
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Timothy C. May: Engenheiro da Intel, libertário, membro fundador dos Cypherpunks e criador do "Manifesto Cripto-Anarquista" e do "Cyphernomicon". "Um espectro está rondando o mundo moderno, o espectro da cripto-anarquia." (~ Timothy C. May - Manifesto Cripto-Anarquista)[7].
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Vinay Gupta: Inventor do (Hexayurt)[8]
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Wei Dai: Programador e criptógrafo criador do B-money, um dos mais importantes predecessores do Bitcoin, e da biblioteca criptográfica Crypto++.
Conhecimento é poder; Conhecimento sobre si é poder sobre si. A sua informação será usada para antecipar as suas ações e manipular a forma como compra, vota, e pensa. - whyprivacymatters.org
Desde o final da era moderna, a humanidade começou a perceber a importância da informação. A consolidação da idade moderna abriu nossos olhos para a realidade: informação é poder, poder sore o que se sabe. O conhecimento sobre a natureza, por exemplo, nos permitiu transforma-la e exercer domínio sobre todos os outros seres vivos. O mesmo acontece com seres humanos, quanto mais informação uma organização possui sobre você, mais fácil se torna para essa mesma organização te controlar, influenciar e manipular.
Uma das funções da vigilância é preceder a violência. Afinal, quem instalaria câmeras de segurança em uma residência caso soubesse que tanto a polícia irá vir e nem possui arma alguma para defendê-la? Um estado apenas vigia seus cidadãos se tiver intensão de usar repressão contra eles. Quem deve teme, e teme principalmente no longo prazo.
O termo tem a ver com a intimidade pessoal ou de grupo definido de pessoas. Ou seja, com aquilo que é particular, reservado, secreto, que é nosso e só interessa a nós mesmos, sendo inviolável. logo temos o dever de repudiar toda e qualquer agressão a esse intimo e legitimo espaço que nos é pessoal por direito. Logo, o individuo tem a possibilidade de recorrer à solidão; ao que é desconhecido (oculto, inclusive) e a viver, até onde lhe for possível, no anonimato.
Um software é livre e open source quando sua licença permite que qualquer um o use, copie, estude e distribua de qualquer forma. Por consequência, o código fonte deve ser abertamente compartilhado para que pessoas se sintam motivadas a voluntariamente melhorá-lo. Isso é o oposto ao chamado software proprietário, que estão sob licenças de copyright que punem sua distribuição não autorizada e os quais o código fonte é mantido em sigilo.
Um software livre é definido pelas 4 Liberdades:
- 0: A liberdade de executar o código como você quiser e para qualquer finalidade.
- 1: A liberdade para estudar como o programa funciona, e alterá-lo para funcionar como você deseja.
- 2: A liberdade de copiar e distribuir o software, assim você pode ajudar aos outros.
- 3: A liberdade de distribuir cópias modificadas do programa. Fazendo isso, você pode dar a toda a comunidade a chance de se baneficiar das mudanças que você fez.
Ao preferir softwares livres em relação aos proprietários, o usuário obtém diversas vatagens, como mais privacidade e segurança visto que esses programas são analizados e corrigidos por comunidades de milhares de desenvolvedores, em vez de apenas uma seleta equipe de desenvolvimento. Além disso, a principal vantagem do software livre é a soberania individual e alta personalização que eles trazem.
A exemplo de projetos open source, temos o Linux, o sistema operacional que roda na esmagadora maioria dos servidores e que possibita que a infraestrutura da internet funcione. O Linux trouxe ao mundo uma infinidade de sistemas operacionais para todos os gostos e necessidades, desde super computadores até o Android, o sistema mais usado do mundo feito com base no linux. Outro grande projeto open source são os navegadores Firefox e Chromium, existe quase 100% de chance de você já ter usado um navegador baseado em um desses dois.